quarta-feira, 6 de maio de 2009

A alma de Tacutsi

MARLENE PASSOS

Dois jovens guerreiros Sioux sobem a montanha para tentar caçar pois havia escassez de alimento na aldeia. Sem demora um urso se aproxima, olhar de fera faminta, os índios apontam flechas e lançam. O sioux mais velho tenta distrair e ao mesmo tempo enfrentar o urso, olhar de fera para fera. O urso sente a lança perto do coração, mas mesmo assim reage dando um golpe fata l em Terosic. O índio cai e o urso foge. Karenoc grita ao ver o irmão sem vida. Nesse instante a lua desce e traz uma linda mulher trajando vestes de pele de urso branco, e nos longos cabelos tranças com penas de águia.
-Não tema, trago a ressurreição para seu irmão.
-Você é Tacutsi, a deusa da vida? Pergunta Karenoc, assustado.
-Sim, vim salvar seu irmão porque a aldeia precisa de sua força espiritual , e você por ser mais jovem tem muito a aprender.
Nesse instante Tacutsi canta uma suave canção como se a natureza fizesse um coral. Ajoelha-se perto de Terosic e massageia o coração, depois a fronte, inspira e expira nas narinas do índio para devolver-lhe a vida. Numa respiração profunda ele abre os belos olhos negros e se encanta com a deusa fazendo aquele ritual.
-O urso....-ele diz.
-Não se preocupe, ele fugiu -diz o irmão.
- O urso não resistiu ao ferimento, o corpo está próximo desse local, pode levá-lo para alimentar sua aldeia.
A força espiritual do urso elevou-se à outras esferas para purificar-se e fortalecer os instintos. Agora vão.
Os irmãos amarram o urso em cipós e vão puxando. A aldeia faz um ritual de dança e canto para agradecer o alimento.
O tempo passa e numa certa noite Terosic, que em ritual de guerra era chamado de lobo selvagem, se afasta dos integrantes e segue o caminho da montanha,
Chega ao local onde fora salvo. O olhar se perde entre o claro da lua e em pensamento chama a alma da mãe criadora que usou sua mágica para dar vida às plantas, árvores, lagos, montanhas e a sua essência, Aquele guerreiro estava sofrendo por amor. A lua desce e surge Tacutsi o fazendo sorrir.
-Pensei que não a veria mais!
-Meu guerreiro, sinto o que diz seu coração, não pode alimentar esse sentimento.
-Por que o amor precisa ser tão cruel? Se era para sofrer por que me salvou?
-O amor pela aldeia precisa ser maior que o amor individual, eles necessitam de sua energia espiritual.
-Penso em sua luz todo instante, seu instinto é imune ao amo?
-Não, amo profundamente tudo que toco, tudo que manifesta vida,mas não posso amá-lo como companheira.
-Por que? Devo minha vida a ti.
-Nâo guerreiro, sua ressurreição foi necessária, a natureza segue seu curso.
-Então faça que esse amor se transforme e não me deixe sofre tanto.
-Meu guerreiro, quando enfrenta-se o silêncio da própria solidão é que se conhece verdadeiramente e sente a necessidade do controle vital.
-Não há como fugir das lições e efeitos da vida.
-A dor do amor é única. Não sente nada por mim?
-Devolvi sua vida por amor, mas meu corpo não pode amá-lo, possuo outra natureza fluídica. Meu corpo não contém a sensibilidade da entrega carnal. Minha alma pode amá-lo, mas nunca haverá contato entre nós como existe com os amantes.
-Estou condenado à solidão...
Lobo Selvagem abaixa-se e num gesto de carinho Tacutsi afaga seus cabelos.
-Não sofra guerreiro, a luz do amor sempre se renova e em breve salvará uma bela índia das águas tuvas do rio.
Esse sim será um amor de pura sedução vinculado ao amor divino. A felicidade é uma conquista, mas também tem uma hora para acontecer. Agora volte a aldeia, estão sentindo sua falta. Lobo Selvagem retorna com a sensação de que realmente tudo se renova a cada estágio.E assim a luz seduz lendas e crenças.

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Jornal de Angatuba 30/04

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