terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Lembranças


Das velhas impressões da infância a idéia grata

Perdura-nos fiel, volvam embora os anos;

Em vão do nosso Abril as flores sofrem danos,

A imagem delas fica indelével, exata.


Ao contrário, ai de nós! -ninguém conserva intacta

A memória, apesar de esforços sobre-humanos,

Das novas emoções, efêmeros enganos,

Cujo traço se apaga apenas se retrata.


Como esperto escanção que no banquete a taça

Entretém sempre cheia, a cada vez que passa,

Passa o tempo e noe enche a memória também.


A lembrança mais nova é a gota derradeira,

Que, ao choque mais sutil, transborda e cai; porém

No fundo permanece a primitiva- inteira.


Sully Prudhomme


Tradução de Augusto de Lima



Sully Prudhomme, poeta parnasiano francês, foi o primeiro autor a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1910

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