domingo, 29 de março de 2009

Amanhã eu fico triste, hoje não!

“Amanhã fico triste… amanhã!Hoje não… Hoje fico alegre!E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: Amanhã fico triste, hoje não…”

(Poema encontrado na parede de um dos dormitórios de crianças do campo de extermínio nazista de Auschwitz)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pérola Literária- Oswald de Andrade

Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegaram à fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. -É aqui! Buenos Aires é aqui! - Tinham trocado o rótulo das bagagens. Desciam em fila. Faziam as suas necessidades nos trens de animais onde iam. Jogaram-nos num pavilhão comum em São Paulo. -Buenos Aires é aqui! Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do mato, por estradas esburacadas, chegavam uma tarde às senzalas donde acabavam de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro, homens e mulheres, ante feitores de espingardas ao ombro. Idílio Moscovão era moça, e olhava as colonas frescas descidas dos barcos da Europa.
Trecho de "A Revolução Melancólica" de Oswald de Andrade.

sexta-feira, 20 de março de 2009

...de Karl Kraus


Sátiras que o censor entende, proíbe-se com razão.

O diabo é um otimista, se acha que pode tornar as pessoas piores do que já são.

A poesia concreta é de Augusto Campos

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pérola literária de Machado de Assis

Aquele bom rapaz tinha a salutar crendice da esperança, em que muita vez se resume todas as bençãos da vida. Pedia muito, como alma sequiosa que era, mas bem pouco bastava a contentá-lo. A imaginação multiplicava os zeros, com um grão de areia construiria um mundo. A afabilidade de uns e a cortesia de outros, tanto bastou para que ele julgasse quase no termo de suas aspirações; e posto não lhe desse Guiomar uma só das animações de outro tempo, - que aliás tão frágeis eram, ainda assim acreditou ele piamente que o amor nascia , ou renascia, naquele rebelde coração.
Trecho de A mão e a luva, de Machado de Assis

segunda-feira, 16 de março de 2009

...de Fernando Pessoa

Nascemos ao por do sol e morremos antes da amanhã,
Conhecemos a escuridão total do mundo que conhecemos,
Como podemos adivinhar sua verdade, para a
escuridão nascida.
A consequência obscura do brilho ausente?
Apenas as estrelas a nos ensinar luz. Agarramos
Suas pequenesas espalhadas com pensamentos
a perambular.
E ainda que seus olhos sejam mascarados pela noite,
Olham, mas não as notícias do dia.
Por que deveriam essas pequenas negações do todo
Mas que o todo negro os olhos deliciados atraíram?
Porque em nome de "valor" a alma cativa
Se une ao pequeno e ao grande detrai?
Fora da luz do amor, o desejo de anoitecer s`esgarça,
E um pensamento do dia na noite atingimos

domingo, 15 de março de 2009

Ganhou, em 1902, o Nobel de Literatura em sua segunda edição


Historiador alemão, de nome completo Christian Matthias Theodor Mommsen, nascido em 1817 e falecido em 1903, foi galardoado com o Prêmio Nobel da Literatura em 1902. Foi professor de Direito na Universidade de Leipzig. Mais tarde, mudou-se para a Universidade de Zurique e de Breslau. Em 1858 tornou-se regente da cadeira de História da Antiguidade na Universidade de Berlim, tendo contribuído para a aplicação de métodos científicos relacionados com a área, em particular, com o tema de Roma. Contribuiu em grande escala para a publicação do Corpus Inscriptionum Latinarum (compilação de inscrições romanas) pela Academia de Berlim. Foi membro da Academia das Ciências e das Artes da Prússia e, como liberal, fez parte do parlamento prussiano. Römische Geschichte (História de Roma , 1854-1856) é a sua obra-prima.

sábado, 14 de março de 2009


De Kant

"A fim de que um conhecimento possa ter uma realidade objetiva, isto é, referir-se a um objeto, encontrando seu valor e sua significação, é necessário que o objeto possa ser dado de alguma forma. Sem isto, os conceitos são vãos e qualquer coisa que assim for concebida será como se nada tivesse sido feito: é apenas brincar com representações. Dar um objeto se neste, ao mesmo tempo, não se pensar imediatamente, se não representar na intuição, é apenas relacionar sua representação. Dar um objeto se neste, ao mesmo tempo, não se pensar imediatamente, se não representar na intuição, é apenas relacionar sua representação com experiência (real ou possível).
Espaço e tempo são seguramente conceitos puros de todo elemento em perigo e, por conseguinte, representador ´à priori´em nosso espírito; mas mesmo assim, careceriam de todo valor objetivo e significação se a sua explicação não fosse necessária nos objetivos da experiência.
A própria representação é apenas um esquema que sempre se refere à imaginação produtiva, aquela que provoca os objetivos da experiência, sem os quais não teriam nenhuma significação e, mesmo assim, com todos os conceitos, sem distinção".

Trecho de "A Crítica da Razão Pura", de Emanuel Kant

sexta-feira, 13 de março de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

A excomunhão da vítima


Miguezim da Princesa *

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa, é paraibano radicado em Brasília.

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Jesus, o Filho do Homem", uma pérola literária

Quando Ele estava conosco, fitava-nos e ao nosso mundo com olhos deslumbrados, pois Seus olhos não eram velados com o véu dos anos, e tudo quando Ele via era claro à luz de sua juventude.
Embora conhecesse a profundidade da beleza, estava constantemente surpreendido com sua paz e sua majestade; e postava-se diante da terra como o primeiro homem se postara diante do primeiro dia.
Nós, cujos sentidos se têm embotado, olhamos à plena luz do dia e, entretanto, não vemos. Apuramos nossos ouvidos. E estendemos à frente nossas mãos, mas não tocamos. E mesmo que se queime todo o incenso da Arábia, seguimos nosso caminho e não sentimos odor algum.
Não vemos o lavrador voltando do seu campo ao anoitecer; nem ouvimos a flauta do pastor quando ele guia seu rebanho ao redil; nem estendemos os braços para tocar o poente; e nossas narinas não anseiam mais pelas rosas de Sharon.
Não, não honramos reis sem reinos; nem ouvimos o som das harpas, salvo quando as cordas são tocadas pelas mãos; nem vemos uma criança brincando em nosso bosque de oliveiras como se fosse uma jovem oliveira. E todas as palavras precisam nascer de lábios carnais, senão nos consideramos uns aos outros surdos e mudos.
Em verdade, nós fitamos mas não vemos, e escutamos, mas não ouvimos; comemos e bebemos, mas não saboreamos. E aí está a diferença entre nós e Jesus de Nazaré. Todos Seus sentidos eram continuamente renovados, e para Ele o mundo era sempre um mundo novo.
Para Ele, um balbucio de bebê não era menos do que o grito de toda a humanidade, enquanto que para nós é apenas um balbucio.
Para Ele, a raiz de um ranúnculo era um anseio por Deus, enquanto que para nós é apenas uma raíz.

De Jesus, O Filho do Homem, livro de Gibran Khalil Gibran

Comunicação difícil


Um dos fatores que contribuem para gente não entender a mensagem está na forma que ela chega. Às vezes tamborila em nossos ouvidos a grosseria do primitivo !

Os trilhos


Os trilhos da ferrovia, mais paralelos impossível! Duas linhas em harmonia, em sintonia com o objetivo de trazer, de levar, de transportar....trilhos urbanos, rurais, linhas que ligam destinos!


Os trilhos da foto são do ramal da antiga Sorocabana. O trecho da foto está em Angatuba.

domingo, 8 de março de 2009

Dica literária

Apologia dos bárbaros

Da editora Boitempo, Apologia dos Bárbaros, do sociólogo norte-americano Mike Davis, é uma coletânea de artigos combativos, curtos, sobre a vida política norte-americana. A sordidez e o cinismo desta vida política estão evidenciados na obra. Considerado do mesmo nível do acadêmico Noam Chomsky, Mike Davis é referência indicada para aqueles que querem se aprofundar nos meandros políticos de Tio Sam.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sobre a mulher

O céu recusou o gênio às mulheres, para que toda chama pudesse encontrar-se nos seus corações. Antoine Rivarol

Há de tudo um pouco nas lágrimas das mulheres. Henry François Becque

As mulheres constituem a metade mais bela do mundo. Jean-Jacques Rousseau

Amar apenas as belas mulheres e suportar os maus livros são sinais de decadência. Josheph Joubert

O pudor dá às mulheres um encanto irresistível. Anatole France

As mulheres louvam de muita boa vontade os que as admiram. Jean-Jacques Rousseau

A graça é um reflexo do amor sobre um fundo de pureza. A pureza é a própria mulher. Jules Michelet

Pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas. Marquês de Maricá

Quando uma mulher estiver falando com você, escute o que ela diz com seus olhos. Victor Hugo

O caminho da mulher honesta está juncado de flores, mas estas crescem atrás dos seus passos e não na frente. John Ruskin

A maioria das vezes o que nos parece ciúme, na mulher, não passa de rivalidade. Anatole France

Para mim, a mulher não é para exibir, é para dar atenção e para amar. Ayrton Senna

Para a mulher, os romances que faz são mais interessantes que os romances que lê. Theophile Gautier


Há sempre, nas mais sinceras confissões das mulheres, um cantinho de silêncio. Paul Bourget

A mulher é a rainha do mundo e escrava de um desejo. Honoré de Balzac

Aos 40 anos, a mulher está longe de ser fria e insensível, mas ela sabe, quando necessário, cobrir o fogo com as cinzas. Mary Wortley Montagu

As mulheres, como os sonhos, jamais são com as queres. Luigi Pirandello

As mulheres combatem nos filhos os defeitos dos maridos. Carmen Sylva

Nada vale o mérito de uma mulher que desconhece a bondade. Molière

A mulher infiel é como o sacerdote incrédulo; o derradeiro estágio da hipocrisia humana. Denis Diderot

Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil. Leon Tolstoi

A mulher formosa, mas sem graça, é uma rosa sem perfume. Cesare Beccaria

As mulheres julgam inocente tudo quanto se atrevem a fazer. Joseph Joubert

Quase sempre as mulheres fingem desprezar o que mais vivamente desejam. William Shakespeare

Por mais que protestemos e vociferemos, sabe a mulher enredar-nos com um simples fio de cabelo. John Dryden

As mulheres podem perdoar a violência, mas nunca o ridículo. Paolo Mantegazza

As mulheres não foram feitas para a fuga. Quando correm é porque desejam ser perseguidas. Jean-Jacques Rousseau

A mulher que amamos sempre terá razão. Alfred de Musset

Toda mulher está errada até que ela chore, e então ela tem razão, imediatamente. Thomas C. Haliburton

Não fale para uma mulher como ela é bonita, diga que não há outra mulher como ela, todas estradas se abrirão para você. Jules Renard

Você não conhece uma mulher até que você receba uma carta dela. Ada Leverson

Pérola Literária

Ao cair da tarde (singular expressão é esta, que faz da luz ou do seu desmaio, "ao cair da noite", algo de pesado e denso que desce sobre a terra agressivamente), depois do dia de trabalho, se o tempo está macio e o cansaço não pede o rápido refúgio em casa, onde em geral outro trabalho espera, gosto de andar pelas ruas da cidade, distraído para os que me conhecem, agudamente atento para todo o desconhecido, como se procurasse decididamente outro mundo. Posso então parar em frente de uma montra onde nada existe que me interesse, ser microscópio assestado às pessoas, radiografar rostos para além dos próprios ossos, penetrar na cidade como se mergulhasse num fluído resistente, sentindo-lhes as asperezas e as branduras. Nessas ocasiões é que faço as minhas grandes descobertas: um pouco de fadiga, um pouco de desencanto, são, ao contrário do que se pensaria, os ingredientes ótimos para a captação mais viva do que me cerca".
Trecho de "A Bagagem do Viajante", de José Saramago