quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mário Quintana /Hélio Oiticica


Poema de circunstância


Onde estão os meus verdes?

Os meus azuis?

O Arranha-Céu comeu!

E ainda falam nos mastodontes,

nos brontossauros, nos tiranossauros, que mais sei

eu...

Os verdadeiros monstros, os Papões,

são eles, os arranha-céus!

Daqui

Do fundo

Das suas goelas

Só vemos o céu, estreitamente, através

de suas empinadas gargantas ressecas

Para que lhes serviu beberem tanta

luz?!

Defronte

À janela aonde trabalho

Há uma grande árvore....Enquanto há verde.

Pastai, pastai, olhos meus....

Uma grande árvore muito verde...Ah,

Todos os meus olhares são de adeus

Como o último olhar de um

condenado!


Elegia ecológia


As grandes damas usavam chapéus, cheios de

flores e de passarinhos .

As flores feneceram, porque até as flores

artificiais fenecem.

Os passarinhos voaram. E foram pousar nos

últimos parques onde iludem agora os seus

últimos frequentadores.

Sim! as grandes damas usavam uns grandes chapéus...

Eram cheios de flores e de passarinhos!


Mário Quintana
A obra de arte é o Grande Núcleo, de Hélio Oiticica

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